Rinjani: O Chamado da Montanha que Mexe com a Alma (e as Pernas)

 

Sabe aquela montanha que parece te chamar? Que você vê em fotos e pensa 'um dia preciso estar lá'? Para mim, essa montanha sempre foi o Monte Rinjani, lá na ilha de Lombok, Indonésia. Não é só um vulcão; é um gigante adormecido com um lago espetacular na cratera e uma reputação de teste de limites, tanto físicos quanto mentais.


Por Que Rinjani? Mais que uma Trilha, Uma Peregrinação Pessoal


O que nos move a buscar essas alturas? O ar rarefeito, o frio cortante, a promessa de uma vista que pouquíssimos têm a chance de contemplar de perto. O Rinjani não é a montanha mais alta do mundo, nem a mais famosa em termos globais para escalada técnica. Mas ele tem uma aura, um magnetismo. Talvez seja o lago Segara Anak, aquele espelho d'água azul intenso aninhado na cratera, com o cone vulcânico de Gunung Baru Jari borbulhando preguiçosamente ao lado. Ou talvez seja a lenda, o fato de ser considerado um lugar sagrado por hindus e sasaks, que vêm aqui para rituais e oferendas.


Não vou mentir: a ideia parecia um pouco insana para quem, como eu, passa a maior parte do tempo na cidade. Mas a curiosidade, e talvez uma pitada de desejo por uma boa dose de desconforto recompensador, falou mais alto.


A Preparação: Entendendo o Desafio


Não é uma trilha para subestimar. O trekking ao Rinjani exige preparo. São vários dias, com subidas íngremes, descidas escorregadias e noites frias acampando em altitudes consideráveis. Pesquisei sobre as rotas – as mais comuns partem de Sembalun (mais longa e íngreme na subida ao topo) ou Senaru (mais pitoresca no início, mas com um ganho de elevação brutal depois). Ambas terminam com a subida final ao cume para ver o nascer do sol – um sacrifício que começa ainda na madrugada, sob a luz das estrelas e da lanterna.


Li relatos, vi vídeos, conversei com quem já foi. A palavra 'difícil' aparecia constantemente. Mas junto vinha 'incrível', 'transformador', 'inesquecível'. Essa dualidade é o que torna o Rinjani tão atraente.


A Subida: Cada Passo Conta (e Dói)


A trilha começa gentil, atravessando savanas e florestas, o ar úmido e quente. Mas não se engane. Rapidamente a inclinação aumenta. É um passo após o outro. O corpo protesta, a mochila pesa, o suor escorre. Há momentos de silêncio introspectivo, outros de camaradagem com os companheiros de trilha e os guias locais (que são verdadeiros heróis, carregando tudo!).


A paisagem muda dramaticamente. A floresta dá lugar a trilhas abertas, a vista se expande. Você vê o Rinjani se revelando, imponente, com seu cume muitas vezes escondido nas nuvens. Chegar ao acampamento base, exausto, mas com a satisfação de ter vencido a primeira parte, é uma sensação indescritível. E a vista do acampamento, especialmente ao entardecer, com as nuvens coloridas e o vulcão à frente, já valeria a pena.


O Lago Segara Anak: Um Paraíso na Cratera


Descer até o lago é outra aventura. A trilha é bem íngreme e rochosa. Mas chegar lá embaixo... ah, o lago é de uma beleza avassaladora. A água azul-turquesa, as fontes termais para relaxar os músculos doloridos, a pequena ilha vulcânica no meio. É um oásis de paz depois da árdua subida. Acampar perto do lago, sob um céu estrelado sem a poluição luminosa da cidade, é mágico.

O Cume: Teste Final e Recompensa Épica


A subida final ao cume é brutal. Começa de madrugada, no escuro e no frio congelante. A trilha é feita de areia vulcânica fofa e pedras soltas – para cada dois passos que você dá para cima, escorrega um para baixo. É exaustivo, parece que não acaba mais. Há quem desista, e é totalmente compreensível. É um verdadeiro teste de força de vontade. A respiração fica curta, as pernas tremem. Mas você continua. Por quê? Pela promessa do nascer do sol.


Chegar ao cume, com o vento gelado no rosto, e ver o céu começar a clarear no horizonte é um momento de pura emoção. O sol surge lentamente, pintando o céu com cores vibrantes, iluminando a caldeira, o lago, o cone vulcânico, e se estendendo até o mar e as ilhas vizinhas (Bali, Gili). É uma vista panorâmica de tirar o fôlego, uma recompensa épica para todo o esforço. Nesse momento, toda a dor e o cansaço desaparecem, substituídos por uma sensação avassaladora de realização e admiração pela grandiosidade da natureza.


A Descida e a Reflexão


A descida é longa e exige cuidado para não escorregar. As pernas doem de um jeito diferente agora. Mas a mente está leve, cheia das imagens e sensações vividas. O Rinjani te muda. Ele te ensina sobre resiliência, sobre a beleza que vem depois da dificuldade, sobre a importância de cada pequeno passo. Você volta para a rotina com as pernas cansadas, mas com a alma revigorada e uma história para contar – a sua história com essa montanha incrível na Indonésia.



Sumber:

- [Mount Rinjani National Park](http://rinjaninationalpark.id/)

- [Lonely Planet - Gunung Rinjani](https://www.lonelyplanet.com/indonesia/lombok/gunung-rinjani)

- [Indonesia Travel - Mount Rinjani: The Magical Peaks of Lombok](https://www.indonesia.travel/gb/en/destinations/bali-nusa-tenggara/lombok/mount-rinjani)

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